08 dezembro 2016

Fénix a renascida


Querida pombinha

Há alguns dias que via que estavas doente. Tentava apanhar-te para tratar de ti mas sem êxito. Até que um dia, para grande espanto meu, encontrei-te à minha porta. Estavas muito fraquinha.

Quando te vi, lembrei-me que uma vez tratei uma pombinha que tal como tu, apresentava os mesmos sintoma. Para grande tristeza minha, não consegui salvá-lo. Pensei então que contigo seria diferente. Pesquisei e encontrei uma ajuda preciosa. Ficarei eternamente grata pelo apoio, conselhos, recomendações e sensatez, de alguém que tal como eu ama a natureza, animais e particularmente os da tua espécie. Jamais esquecerei, que este alguém veio de longe, trazer o remédio que poderia salvar-te.

Há mais de um mês que estás comigo. Quando eu pensava que ias ficar boa, passado alguns dias tinhas uma recaída. Quando melhoravas ficavas agressiva e querias a todo os custo ir embora mas eu não permitia. Não só queria ver-te 100% melhor, como receava, que com a tua doença pudesses contagiar os teus amigos e familiares.

Se muitas vezes errei, perdoa querida pombinha, apenas queria o teu bem, e dos teus amigos. Cada dia que passava, mais me afeiçoava a ti. Quando estavas pior, tapava-te com a tua mantinha e ficavas bem aconchegada a mim. Percebi que gostavas, e passei a fazer isto mesmo quando apresentavas melhoras e ficavas irrequieta, desta forma tu acalmavas e perdoavas-me.


O teu lugar predilecto era a nossa varanda. Através dos vidros vias o céu os teus familiares, amigos e amigas. Quanta pena tinha de ti, quando a todo o custo querias ir ter com eles. Com toda a razão zangavas-te comigo. Perdoa meu anjo só queria o teu bem.

Que boa era a tua companhia. Adorava ver-te empoleirada no poleiro da caixa que propositadamente comprei para ti, sobre o meu frigorífico, ou simplesmente a meu lado.

Quando eu pensei estares quase melhor, e livre de perigo, pois já comias os grãos pequeninos que punha para ti e bebias água eis que voltas a ter outra recaída.

Desta vez percebi que era mais grave que as anteriores. Voltei a preparar a tua papinha que tão bem te fez nos primeiros dias que estiveste comigo. Lembro-me que em poucos dias, ficaste com as penas a brilhar. Para espanto meu, vomitavas o alimento que te dava. Pior ainda foi quando foste atacada de espasmos e perdeste o equilíbrio. Lembrei-me então que o mesmo aconteceu com a pombinha que te antecedeu e que não consegui salvar.

Durante dois dias e duas noites sofreste o pior dos horrores. Pensei então que podia acabar com o teu sofrimento.

Tomei então a decisão de te adormecer. E tu adormeceste. Durante 4 horas, fiquei a ver-te dormir, na esperança que o teu sono te levasse deste mundo onde existe tanta maldade e crueldade, principalmente com os da tua espécie. Mas tu quiseste ficar. Sim, tu voltaste para mim e desta vez sem convulsões, sem perda de equilíbrio e sem vómitos.

Preparei então a tua papinha. Desta vez com algumas proteínas. Comeste e não vomitaste. Como fiquei feliz... Tinhas ainda um problema de saude muito grande: crostas enormes envolviam o teu bico, dificultando a respiração. Também tinhas a garganta muito inflamada. Resolvi então preparar vapores de bicarbonato para inalares. (Pensei: faz-me bem a mim, também há-de fazer bem a ti) No dia seguinte estavas muito melhor. A conselho da senhora que acompanhou a tua saúde, usei também mercúrio-cromo para as crostas do bico. Dois dias depois estas crostas caíram. Durante uma semana fiz o tratamento com o bicarbonato e a tua garganta já está quase boa.

Ainda não comes sozinha, mas agora tenho a certeza que ficarás comigo. Farei o possível para que sejas feliz.

Por teres renascido, passei a chamar-te FENIX

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