03 fevereiro 2011

Cão detecta com eficácia cancro no intestino


Investigação pode abrir portas à criação de um "nariz canino electrónico

Quem sabe se daqui a uns anos não haverá, nos consultórios médicos, cães para fazerem um diagnóstico do cancro do intestino? Não é um cenário provável, mas, de acordo com um estudo publicado na revista médica "British Medical Journal" (BMJ),  através do olfacto, estes animais são capazes de detectar com grande precisão a doença, mesmo  num estado inicial.
Investigadores do Departamento de Cirurgia da Universidade de Kyushu, no Japão, verificaram  que os cães são capazes de farejar os componentes químicos que correspondem a alguns tipos específicos de cancro e que circulam no corpo humano.
Esta descoberta, embora não vá trazer os cães para a prática clínica, abre portas ao desenvolvimento de testes que detectem as doenças oncológicas antes de se propagarem pelo corpo.
Faro mais eficaz do que testes tradicionais
Os cientistas fizeram experiências com um labrador treinado, que realizou durante vários meses testes de olfacto, entre os quais  farejar amostras de fezes ou o cheiro do hálito dos participantes do estudo - 48 pacientes com cancro do intestino e 258 pessoas que não tinham a doença.
Em 36 testes com amostras de hálito, Marine, o cão de oito anos,  identificou com sucesso 33 vezes as pessoas com cancro , acertando também em 37 dos 38 testes feitos com amostras de fezes. Mesmo casos em que o cancro do intestino estava num estado inicial foram detectados, o que para a medicina ainda é difícil.
Os investigadores referiram ainda que o facto de as pessoas fumarem ou terem outro tipo de problemas (que potencialmente poderiam interferir ou “mascarar” o odor exalado pelas células cancerígenas), não representa qualquer problema para o cão, como  já constataram outras investigações que recorreram a estes animais para farejar o cancro da bexiga, do pulmão ou da pele.
"Nariz canino electrónico"
Apesar da eficácia do faro de Marine, os  autores do estudo admitem que a utilização de cães para a detecção do cancro é pouco prática e dispendiosa. No entanto, esta descoberta abre portas ao desenvolvimento de um sensor, que funcionará como um “nariz canino electrónico”, para a realização de testes que identifiquem o cancro pelo odor.
Segundo Hideto Sonoda, que coordenou o estudo, “pode ser difícil introduzir o julgamento do faro canino na prática clínica devido ao custo e ao tempo necessários para treinar o cão. A habilidade do faro pode variar entre os cães e também no mesmo animal, dependendo dos dias ”.

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