10 outubro 2011

Primeiro-ministro convidado a visitar canil de Lisboa

 

 

O primeiro-ministro foi ontem convidado por defensores dos direitos dos animais a visitar o canil de Lisboa, instituição que acusam de estar ilegal e de abater animais saudáveis, uma entre muitas denúncias ouvidas durante uma vigília em Lisboa.

"Direcção-Geral de Veterinária: ordem para matar" ou "Os animais não são coisas" são algumas das frases que ontem se puderam ler nos cartazes empunhados por defensores dos direitos dos animais, reunidos na Praça Dom Pedro IV (Rossio), em Lisboa.

Eram cerca de cem os participantes nesta vigília e a maior parte sabe de casos de maus-tratos a animais, que têm partilhado neste encontro, mas também histórias de sobrevivência, já que são voluntários em associações que trabalham para resgatar animais em perigo.

Como a Sónia, 18 anos, que passa a maior parte do seu tempo livre a tentar encontrar donos para os animais errantes com que se vai cruzando. Ontem, levou à vigília um cão rafeiro castanho que cativava a atenção dos outros presentes e que encontrou preso a uma corrente na serra de Sintra.

"Estava condenado a morrer, mas quem ali o prendeu à morte teve azar, pois eu gosto da natureza e passei ali a tempo de o salvar", contou orgulhosa à agência Lusa.

Como Sónia, muitos destes participantes acreditam que animais e humanos podem conviver em harmonia, mas não têm dúvidas de que tal só será possível com um empurrão: a alteração da legislação.

Ana Paula Cruz, da Associação Portuguesa de Direito dos Animais e Ambiente (APDAA), que promoveu a vigília de ontem, explicou à Lusa que é prioritário que "os animais deixem de ser uma coisa", tal como está definido no Código Penal.

"Queremos a alteração dos Códigos Civil e Penal, acabar com o abate dos animais de companhia, criminalizar os maus-tratos e abandono, a esterilização obrigatória dos animais errantes e abandonados, bem como o registo de todos os criadores de animais de companhia, que terão que obedecer a normas", explicou.

Junto a Ana Paula Cruz, outra defensora dos direitos dos animais cobre-se com uma cartão onde se lê "Pelo fim do abate nos canis municipais". Esta é, aliás, outra bandeira da APDAA, como explicou Ana Paula Cruz. "Temos vários municípios a não praticarem o abate de animais e este é um bom sinal que, infelizmente, não é seguido por todos".

Um mau exemplo, para esta associação, é o que se passa no Canil Municipal de Lisboa que, acusa, está "ilegal" e pratica "o abate de animais saudáveis". Talvez por isso o convite ontem endereçado ao primeiro-ministro, expresso num cartaz, para visitar o Canil Municipal de Lisboa.

Situações que não aconteceriam se, garantiu Ana Paula Cruz, a Direção-Geral de Veterinária (DGV), enquanto órgão fiscalizador do Ministério da Agricultura, cumprisse este seu papel. "Em cerca de 300 canis, só 80 estão licenciados, mas a DGV sabe disso e nada faz", adiantou.

A vigília prosseguiu até à noite, estando previsto para mais tarde o acender de velas em homenagem a todos os animais "vítimas de maus-tratos"

 

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