12 julho 2012

Lennox: o cão que pode deixar a Irlanda do Norte em maus lençóis

 

Foi lançado um boicote económico à Irlanda do Norte por ter eutanasiado o cão que moveu milhares de pessoas contra a lei de abate de raças potencialmente perigosas.

Lennox morreu hoje às 7h da manhã, hora de Belfast. Era um cão cruzado de bulldog e labrador. Por essa razão, foi retirado à sua família há dois anos, em Maio de 2010. Os defensores dos animais apelaram durante estes últimos 24 meses para que Lennox fosse libertado. Quando, no passado dia 12 de Junho, o Belfast City Council (BCC) determinou que Lennox seria “adormecido”, as petições para o salvar reproduziram-se. Uma delas contou com 212.000 assinaturas de todo o mundo.
Celebridades como César Milan, o chamado “encantador de cães”, e até mesmo uma reputada treinadora norte-americana, que se prontificou a levar o cão para os Estados Unidos, pediram clemência. Em Nova Iorque e em Belfast houve manifestações. Um pouco por todo o lado, em muitas casas acenderam-se velas. De nada valeu. Agora, os defensores da causa animal querem justiça. E já começaram a fazer listas de produtos oriundos da Irlanda do Norte. A ideia é um boicote económico ao país.
“Mostremos-lhes que o turismo, o comércio e a indústria são financiados e sustentados por amantes dos animais de todo o mundo que estão preparados para retirarem o seu apoio a regiões onde não é feito um justo e adequado juízo dos animais”. Era assim que se apresentava uma das páginas mais populares do Facebook dedicada à causa Lennox, intitulada ‘Boycott Belfast until it frees Lennox and addresses its BSL failings’. No início da semana, os autores da página perguntavam: “are you ready to war?” [Estão preparados para a guerra?]. Estavam os seus apoiantes preparados para boicotar a Irlanda do Norte se a decisão da eutanásia fosse em frente? A resposta foi sim. E continua a ser.
Agora, com a morte de Lennox, os milhares de fãs da página, de par com os que apoiam a página ‘Save Lennox’, estão já a começar a colocar, na cronologia das mesmas, listas de empresas do Norte da Irlanda para que os seus produtos não sejam comprados. O famoso jogo “Guerra dos Tronos” é um deles.
Foi também criado um “website” cujo título é ‘Lennox, we will never Forget you – and we will make sure Belfast doesn´t either!’ cuja finalidade é a mesma.
Se este boicote ganhar força, a Irlanda do Norte pode vir a ficar em maus lençóis. Resta saber se esta "onda" de contestação amanhã já acalmou ou se seguirá em frente.
Os defensores da vida de Lennox, que tinha 7 anos, não entendem a decisão, uma vez que havia a possibilidade de o cão ir viver para fora da Irlanda, e não entendem também por que motivo as autoridades do Belfast City Council disseram que a família não poderia reaver o corpo. “Enviaremos as cinzas por correio”, escreveram.
Nos últimos dias, os meios de comunicação social de fora da Irlanda do Norte começaram a prestar mais atenção a este caso, com publicações, estações de rádio e TV a fazerem a cobertura das últimas horas de Lennox. A expectativa de que a decisão de eutanásia fosse revogada era grande. Os e-mails dos responsáveis pela vida de Lennox – como a ministra da Agricultura e mesmo os veterinários da cidade de Belfast – encheram-se de mensagens. Os telefones não pararam de tocar.
A CNN e outras estações de TV foram inundadas com apelos e acompanharam também o caso. Hoje, a cobertura continua. Mas para dar a notícia do luto. E da luta que aí vem por parte de quem disse “estar preparado para a guerra”.
A lei que condena animais de raças consideradas potencialmente perigosas (BSL - breed specific legislation) continua a ser alvo de fortes críticas, uma vez que os irlandeses não podem ter cães dessas raças – nem sequer cruzamentos, sob pena de os verem ser eutanasiados.
A Irlanda do Norte é uma nação constituinte do Reino Unido, sendo a única não situada na Grã-Bretanha. Localiza-se no norte da Ilha da Irlanda, dividida com a República da Irlanda – país independente que se encontra entre os três resgatados pelo FMI, BCE e Comissão Europeia. Com efeito, a República da Irlanda pediu a intervenção da troika em Novembro de 2010 e continua regida pelo plano de ajustamento delineado com os três organismos.

Fonte Jornal de Negócios

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